segunda-feira, 28 de julho de 2008

História geral... A sociedade de corte e o nascimento da etiqueta, Tempo e calendário, Mitos da Criação

História geral

Nível fundamental

A Sociedade de Corte e o nascimento da etiqueta
Objetivos
1) Caracterizar a sociedade de corte da época Moderna;
2) Relacionar o surgimento da etiqueta à sociedade de corte;
3) Caracterizar o conceito de civilização.
Ponto de partida
1) Ler o item Isolamento e Proteção, do artigo Feudalismo, disponível no site Educação;
2) Ler o texto "Novo Tratado de Civilidade", de Antoine de Coutin, ou seu trecho abaixo transcrito.
Justificativa
O conceito de civilização, na definição de Norbert Elias, acompanha o processo de perda da função social da nobreza guerreira e a conseqüente aproximação dessa classe social ao monarca fortalecido. Conhecer e caracterizar os processos culturais que modificaram a mentalidade da aristocracia francesa contribui para solucionar muitos dos problemas conceituais que levaram à Revolução Francesa. Em especial, aqueles relacionados à explosão de rebeliões camponesas contra os símbolos do poder absolutista, intimamente ligados à opressão da corte aristocrática.
Estratégias
1) Conversa inicial com os alunos sobre os procedimentos que adotamos para sentarmo-nos à mesa para as refeições.
2) Comparar o uso de cadeiras e talheres ao procedimento de outras sociedades, tais como a japonesa - com o uso de "hashis" e acomodação ao solo - ou a indígena - sem o uso de talheres. Essa etapa pode ser feita a partir de pesquisas realizadas previamente pelos alunos.
3) Ler o seguinte texto de Antoine de Coutin:
Se todos estão se servindo do mesmo prato, evite pôr nele a mão antes que o tenham feito as pessoas da mais alta categoria, e trate de tirar o alimento apenas da parte do prato que está à sua frente. Ainda menos deve pegar as melhores porções, mesmo que aconteça você ser o último a se servir.Cabe observar ainda que você sempre deve limpar a colher quando, depois de usá-la, quiser tirar alguma coisa de outro prato, havendo pessoas tão delicadas que não querem tomar a sopa na qual mergulhou a colher depois de a ter levado à boca.E, ainda mais, se estás à mesa de pessoas refinadas, não é suficiente enxugar a colher depois de a ter levado à boca. Não deves usá-la mais, e sim pedir outra. Além disso, em muitos lugares, colheres são trazidas com o prato, e estas servem apenas para tirar a sopa e o molho.Você não deve tomar a sopa na sopeira, mas colocá-la no seu prato fundo. Se ela estiver quente demais, é indelicado soprar cada colherada. Deve esperar até que esfrie.Se tiver a infelicidade de queimar a boca, deve suportar isto pacientemente, se puder, sem demonstrar, mas se a queimadura for insuportável, como às vezes acontece, deve, antes que os outros notem, pegar seu prato imediatamente com u’a mão e levá-lo à boca e rapidamente passá-lo ao lacaio atrás de sua cadeira.”
Coutin, Antoine de. Novo tratado de civilidade, in Elias, Norbert. “O Processo Civilizador. Uma História dos Costumes." Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1990, p.102.

4) Associar o "processo civilizador" à nossa maneira de sentarmo-nos à mesa.
5) Elaborar hipóteses acerca do procedimento medieval para as refeições.
6) Extrair do texto procedimentos de elegância, refinamento, higiene e controle corporal adotados pela sociedade de corte.
7) Estabelecer as funções sociais da nobreza francesa antes e depois da centralização monárquica.


Tempo e calendário

Objetivos
1) Questionamento com relação à subjetividade do "passar do tempo", relacionando-o com atividades prazerosas e não prazerosas;

2) Desenvolvimento da percepção de diferentes tempos: psicológico, biológico, e astronômico para a construção do tempo histórico;

3) Identificar as maneiras de representação da passagem do tempo;

4) Conhecer a historicidade do calendário utilizado atualmente e estabelecer relações de permanência e mudança entre as diferentes temporalidades (passado e presente), uma vez que várias tradições culturais de outros tempos permanecem vivas no presente.

Ponto de Partida
1) Ler o texto Calendário, no site Educação do UOL.

Justificativa

Desenvolver no aluno a noção de tempo histórico não é somente limitá-lo ao desenvolvimento do tempo cronológico referente à localização de datas, séculos e à periodização. Exige-se uma reflexão cuidadosa por parte do historiador em mostrar ao aluno que a própria forma de contarmos o tempo em nossa sociedade é histórica, ou seja, é fruto de uma determinada cultura ao estabelecer uma interação entre o tempo da natureza e o tempo dos homens na organização da vida social.

Estratégias
1) Para que possamos desenvolver nos nossos alunos a noção de tempo histórico, devemos primeiramente despertar noções que a antecedem. Para isso, se faz necessário introduzir questões que agucem a percepção da passagem do tempo de variadas formas. Portanto, o professor deverá lançar questões problematizadoras em torno do tempo (psicológico, biológico e atronômico), elaborando perguntas que abordem situações vivenciadas no cotidiano dos alunos. Exemplos:

· O que demora mais para passar: cinco minutos no recreio da escola ou cinco minutos na cadeira de um dentista?
· O crescimento dos seus cabelos, das suas unhas é uma forma de perceber a passagem do tempo?
· As diversas fases pelas quais a Lua passa também é uma maneira de perceber a passagem do tempo?

2) Uma vez realizada a proposta acima, os alunos estarão aptos para entender e desenvolverm a noção de tempo histórico. Dessa forma, o professor poderá solicitar aos alunos que façam a leitura silenciosa e individualmente do texto intitulado "Calendário". Paralelamente à leitura, peça que destaquem com uma caneta marca-texto as palavras desconhecidas.

3) O professor poderá montar uma caixa pedagógica com dicionários específicos da disciplina de História, ou então com dicionários da própria Língua Portuguesa e levá-los para a sala de aula, pondo-os à disposição dos grupos para o momento de consulta.

4) Solicite aos alunos que se organizem em pequenos grupos e realizem um glossário das palavras que até então eram desconhecidas. Oriente os grupos a registrar neste glossário somente o significado mais adequado ao texto que está sendo objeto de reflexão.

5) Agora, analisando sob o ponto de vista da noção de tempo histórico, o professor poderá pedir a seus alunos que apontem no texto uma situação ocorrida no passado e que permanece viva no nosso presente. O próprio tema do texto leva à resposta correta. Portanto, pretende-se mostrar que a mensuração do tempo da qual somos herdeiros possui uma historicidade dotada de permanências e mudanças, revelando que a medida do tempo é uma convenção criada pelo homem na sua relação com a natureza, com o seu modo de vida e sua concepção de mundo.


Mitos da Criação

Objetivos
1) Conceituação de mito e história nas sociedades antigas e modernas.

2) Valorização da tradição oral pelas narrativas mitológicas.

3) Conhecimento das variadas concepções de origem do mundo a partir de mitos de diversos povos.

4) Comparação entre mitos produzidos em regiões geograficamente distantes entre si, mas com enredos semelhantes.

5) Reconhecimento da importância das narrativas mitológicas para preservação da história-memória dos povos.

Ponto de Partida
1) Ler o texto "Mitologia - uma das formas que o homem encontrou para explicar o mundo
Justificativa
Nas sociedades antigas, ditas primitivas, o mito não faz parte da história, mas, sim, é a própria história. Já em nossa sociedade, o mito e a história são concebidos de maneiras distintas e diante do pensamento empírico-científico, mito e história assumem categorias bem definidas e dissociáveis entre si.

Para quem vive em uma cultura mitológica, tudo o que se faz na vida é um ritual, apenas uma repetição de eventos que ocorreram nos mitos; é uma visão cíclica e o tempo cronológico não tem nenhuma importância, uma vez que o "começo" pode ser sempre restabelecido.

Embora a sociedade ocidental moderna, da qual fazemos parte, compreenda a história, de maneira geral, de forma linear, várias de nossas ações podem ser consideradas uma repetição de eventos cíclicos, como os que ocorrem nos mitos. Um exemplo disso é a nossa festa de ano novo, muito significativa para nós, porque nos traz um sentimento de renovação, de esperança, de recomeço.

Estratégias
1) Para saber o que uma classe conhece do conceito de mitologia, o professor poderia iniciar a aula perguntando a alguns alunos: Quando se fala em mitologia, que palavra lhe vem à mente?

2) Organizar a lousa de modo que cada fileira de alunos (por exemplo) seja representada por uma coluna. Dessa forma, registrar na lousa a resposta de cada aluno, com a palavra que lhe veio à mente quando se falou em mitologia. Para que a aula fique mais envolvente e o aluno pense mais sobre a palavra que vai dizer, informe que é proibido repetir palavras que outro aluno já tenha falado. Eles deverão ser criativos e rápidos neste primeiro exercício.

3) Agora, o professor poderá apresentar o texto que será objeto de reflexão e discussão da aula: "Mitologia - uma das formas que o homem encontrou para explicar o mundo". Fica a critério do professor realizar a leitura em voz alta para toda a classe ou deixar que os alunos individualmente a realizem.

4) Solicite que, ao lerem o texto, os alunos grifem com uma caneta marca-texto as palavras que por ventura forem as mesmas registradas na lousa. O professor deverá chamar a atenção sobre essas palavras, pois são reveladoras do quanto os próprios alunos são detentores de um conhecimento prévio.

5) Após este exercício inicial, é interessante que o professor reflita com a classe sobre a diferença entre mito e teoria científica. É importante que os alunos percebam as diferenças, mas não as classifiquem como certas ou erradas. Deve-se ressaltar que os mitos trabalham com uma outra temporalidade, que não é precisa nem linear.

6) O professor também deverá assegurar uma atividade que mostre o paralelismo entre vários mitos, principalmente aqueles que dizem respeito à criação do mundo, contados em regiões geograficamente distantes entre si. Traçar esses paralelismos requer, por parte dos alunos, o envolvimento com pesquisa e com cartografia para localizar os lugares onde as narrativas mitológicas se originaram.

7) Para que todos os grupos tenham acesso aos outros mitos pesquisados, o professor deverá solicitar que cada grupo monte um painel, como uma sucessão de pequenos quadros onde o mito poderá ser compreendido não por meio da escrita, mas por meio dos desenhos elaborados pelo grupo.

8) Essa etapa do trabalho poderá ser compartilhada com a disciplina de Artes, inclusive os desenhos poderão mostrar as técnicas de pintura que os alunos aprenderam nessa disciplina.

Como desafio, cada grupo deverá fazer a leitura das imagens produzidas pelo outro grupo, além de dizer de qual povo pertence a narrativa mitológica.

Após a apresentação de todos os grupos, os alunos deverão indicar quais narrativas mitológicas são semelhantes entre si.

9) Após as apresentações desses painéis, o professor poderá selecioná-los para expô-los no mural interno ou externo, valorizando dessa forma o trabalho de toda a equipe.

Sugestões de leitura para o professor
· "Mitos Paralelos", de J. F. Bierlein, tradução de Pedro Ribeiro - uma introdução aos mitos no mundo moderno e as impressionantes semelhanças entre heróis e deuses de diferentes culturas. (Ediouro, 2004)
· "Mito e realidade", de Mircea Eliade (Perspectiva, 1972).
· "História e Mito", de Eudoro Souza (Ed. Universidade de Brasília, 1981).

História geral... Território, nação, Estado, Território em disputa

História geral

Nível fundamental

Território, nação, Estado

Introdução
As formações e transformações territoriais de diferentes países são, por vezes, temas complexos para os alunos do ensino fundamental. Seu tratamento é relevante para os alunos perceberem as relações entre o que se estuda nas disciplinas de geografia e história. Além disso, é fundamental reconhecerem que as alterações de fronteiras têm diferentes razões e que elas não aconteceram somente no passado. Ocorrem também na atualidade.

Para tratar da questão, é fundamental a turma conhecer os conceitos de Estado, nação e território e observar suas relações em diferentes sociedade e tempos históricos. Fazer esse trabalho conceitual de maneira lúdica, com o auxílio do grupo, garante maior envolvimento por parte dos alunos.

Objetivos
1. Identificar e diferenciar os conceitos de Estado, nação e território.

2. Relacionar os conceitos na análise de diferentes realidades históricas.

3. Análise de documentos: notícias e/ou reportagens.

Estratégias
1. Inicie a aula com o conceito "território" porque ele provavelmente será a considerado mais simples pelos alunos. Pergunte o que é um território, escreva na lousa as informações fornecidas por eles e as discuta, escolhendo as que devem ser mantidas e as que devem ser retiradas do registro.

2. Faça um desenho na lousa que represente um território (imaginário) e crie situações-problema para a definição/divisão desse território. Nelas, os agentes históricos devem ser os próprios alunos, divididos em grupos distintos, com opiniões, costumes, línguas diferentes. Leve os alunos à conclusão de que os territórios são criações históricas que refletem os interesses dos sujeitos históricos, daí sua reconstrução quando estes interesses se transformam.

3. Retome o exemplo construído e explique no que consiste uma nação, dê exemplos da realidade brasileira sobre a existência de várias nações em um mesmo território. As nações indígenas são exemplos simples e práticos, falar da formação do povo brasileiro com as diferentes nações africanas, indígenas e européias é também esclarecedor.

4. Por fim use o exemplo inicial para o entendimento do conceito de Estado. Peça para que cada grupo definido (no exemplo) diga qual a melhor maneira de organizar as relações entre governantes e governados, o que faria de um deles governante, etc. Assim vocês poderão problematizar a existência de diferentes organizações estatais.

Atividades
1. Pergunte aos alunos como é organizado o poder, a política no Brasil, ou seja, quem são os responsáveis pelo Estado.

2. Parta das informações dadas pela turma e explique a divisão dos poderes no Brasil. É importante que todos saibam quando surge a teoria dos três poderes e em que situação ela foi elaborada por Montesquieu, assim o estudo de outros momentos e realidades históricas justifica suas relações com suas vidas cotidianas.

3. Para finalizar, leve para turma uma reportagem ou notícia sobre diferentes conflitos por territórios desencadeados pela existência de diferentes nações e pela crença em distintas formas de organização do Estado. A declaração da independência de Kosovo pode ser tematizada ou ainda os conflitos no Quênia pela liderança governamental.

Sugestões
1) Leitura do texto Poderes do Estado, no site Educação, do UOL.

2) Converse com o professor de geografia e veja em que medida vocês podem atuar conjuntamente.

3) Caso tenha sido efetuada a leitura da obra literária "A Revolução dos Bichos", de George Orwell, é possível retomar algumas informações sobre o enredo e analisar com os alunos a construção da idéia de nação (os símbolos construídos), a legitimação do poder dos governantes, ou seja a organização estatal (discurso dos porcos legitimando suas posições e privilégios), etc.





Território em disputa: passado e presente

Introdução
Trazer à tona questões que dizem respeito ao Oriente Médio, sobretudo aos israelenses e palestinos, é promover a confrontação de diferentes pontos de vista e das justificativas apontadas pelos dois povos. Atualmente, as informações veiculadas nos noticiários, referentes à hostilidade na região, são notas curtas e breves. Por causa dessa rapidez, é comum tratarmos o assunto com certa superficialidade. Cabe ao historiador, juntamente com seus alunos, buscar respostas no passado para entender os conflitos do presente.

Objetivos
1) Incentivar a familiarização com fontes cartográficas, interpretando as informações, localizando e identificando as regiões de conflito e os territórios disputados;

2) Aprimorar a habilidade de interpretar gêneros textuais distintos;

3) Discutir o contexto da consolidação do Estado de Israel em território já ocupado pelos palestinos;

4) Desenvolver postura crítica e consciente com relação ao conflito árabe-israelense.

Ponto de partida
Ler os textos Israel: entender questão do Oriente Médio exige conhecer história dos judeus e Oriente Médio/Conflito árabe-israelense: a origem dos problemas entre os povos é milenar.

Estratégias
1) Solicite aos alunos que separem notícias recentes de jornais e revistas sobre a situação entre palestinos e israelenses. Peça a eles que colem cada uma das notícias em papel sulfite, separadamente, e extraiam informações do texto. Ensine-os a organizar um registro, destacando: nome do jornal ou da revista, data de publicação, período histórico abordado e assunto discutido.

Ao selecionar as notícias, solicite aos alunos que prestem atenção naquelas que contenham informações sobre as origens históricas do conflito. A notícia é um tipo de gênero textual que trabalha com questões do presente, muitas vezes sem estabelecer elos com o passado. É provável que os alunos não encontrem textos que tragam as duas noções de tempo histórico: presente e passado. Caso a pesquisa de algum aluno encontre notícias que contenham essas noções, peça que ele apresente para a sala de aula.

Uma das intenções desse exercício é fazer com que o aluno perceba que cada gênero textual tem suas marcas. As notícias de jornal, por exemplo, trabalham principalmente com a contemporaneidade dos fatos.

2) O passo seguinte é mostrar outro tipo de gênero textual para os alunos. Apresente os textos "Israel: entender questão do Oriente Médio exige conhecer história dos judeus" e "Oriente Médio/Conflito árabe-israelense: a origem dos problemas entre os povos é milenar". O professor deverá realizar a leitura destes textos em voz alta, esclarecendo as dúvidas que surgirem durante a leitura. É interessante, também, que o professor interrompa a leitura de vez em quando para fazer apontamentos mais específicos. Pode destacar, por exemplo, a questão da existência de duas religiões distintas - Judaísmo e Islamismo - e como elas são usadas para justificar ações políticas e militares.

3) O terceiro passo para o entendimento do assunto é trabalhar interdisciplinarmente com a Geografia. Lembre-os de que a luta entre israelenses e países membros da Liga Árabe começou após 1948, e mostre mapas antigos e novos da região dos conflitos; seu uso é imprescindível. Eles servirão para situar as regiões conflituosas, e também para mostrar que o traçado das fronteiras é passível de mudanças: pode variar de acordo com o processo de ocupação ou de organização em dado momento histórico.

É importante levar para a sala de aula mapas de diferentes épocas (quando houver possibilidade) que representem os lugares que estão sendo estudados. Assim, os alunos não dissociam tempo e espaço.

4) Percorridas as etapas anteriores, proponha que a classe seja divida em dois grupos, representando palestinos e israelenses. Cada grupo deverá expor, em voz alta, as razões pelas quais consideram que o território em disputa seja seu. A exposição deve abordar o contexto histórico que permeou o início dos conflitos, bem como apresentar soluções para um acordo de paz. Os alunos devem demonstrar que, sem uso da violência, é possível resolver essa problemática milenar.

História geral... Tempo da terra, Criança pré-histórica

História geral

Nível fundamental

Tempo da Terra

Objetivos
1) Diferenciar o tempo geológico do tempo histórico;

2) Conhecer e valorizar o trabalho minucioso e investigativo dos profissionais que dão suporte às pesquisas históricas, como paleontólogos, arqueólogos e geólogos;

3) Identificar a possibilidade de reconstituição de modos de vida em outros tempos históricos por meio do trabalho dos arqueólogos;

4) conhecer o conceito "Pré-história" e sua diferenciação de "História".
Justificativa
Como o objeto de estudo do historiador é o ser humano e a sua relação com o tempo e com o espaço, pode parecer um pouco esquisito abordar o tema sobre eras geológicas. Mas abordar este tema em sala de aula nada mais é que aguçar a curiosidade dos alunos com relação à formação do planeta Terra e o surgimento da espécie humana a qual pertencemos, no final do período Quaternário.Por outro lado, abordar este tema é valorizar o trabalho de profissionais que a maioria dos alunos desconhece.
Ponto de partida
Ler o texto Pré-história (1): Entenda o conceito e veja quadro das eras geológicas .
Estratégias
1) Para que os alunos entendam o tempo geológico é primordial que o professor diferencie-o do tempo chamado "histórico", pois este último está associado à história humana no planeta Terra.Para realizar esta diferenciação, leve à sala de aula, acondicionados em recipientes, os seguintes materiais: areia, água, terra etc. Leve também objetos da cultura material (se possível, não contemporâneo).

2) Com relação aos objetos da cultura material, o MAE-USP - Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, dispõe para os professores que lecionam tanto na rede pública ou privada de ensino, de um programa de treinamento para o uso e empréstimo de um kit contendo peças arqueológicas e etnológicas. Caso o professor não lecione na região metropolitana de São Paulo, verifique a possibilidade de empréstimo de materiais por meio de outros museus que tenham em seus acervos peças arqueológicas.

3) A partir da apresentação dos materiais (areia, água e terra), motivar os alunos sobre questões problematizadoras com relação ao tempo de sua formação e existência.

4) Já para os objetos da cultura material, motivá-los com questões problematizadoras relacionadas ao lugar de origem; a finalidade de sua confecção; matéria-prima utilizada etc. Particularmente, a visualização e manuseio dos objetos da cultura material são recursos que também auxiliam os alunos a compreender que é possível reconstituir o passado de sociedades que não deixaram a sua história registrada em documentos escritos.

5) Agora, o professor pode destacar a historicidade do conceito "Pré-história" por meio da leitura (em voz alta) do primeiro parágrafo do texto intitulado "Pré-história (1): entenda o conceito e veja o quadro das eras geológicas".

6) Dê continuidade à leitura de acordo com os demais subtextos. Com relação ao quadro das eras geológicas, disposto ao final do texto, seria importante que o professor informasse aos alunos que as eras geológicas se subdividem em escalas de tempo menores, os quais são chamados de períodos. Solicite aos alunos que pesquisem a quantidade de períodos existentes em cada uma das eras geológicas e montem uma Linha do tempo da Terra de maneira que esses períodos apareçam. Como para a maioria dos alunos as nomenclaturas de eras e períodos são desconhecidas, é interessante que o professor comente a origem dessas nomenclaturas e se possível, registre-as na lousa para que os alunos possam ter suas definições mais claras.

7) Para sintetizar o conteúdo e paralelamente sondar se todos os alunos apreenderam, elabore exercícios que abordem noções de permanências e mudanças com relação à passagem do tempo da Terra.
Sugestão de oficina pedagógica para o professor
"Treinamento para uso do kit de objetos arqueológicos e etnológicos", ministrado gratuitamente pelo MAE-USP com carga horária de 03 horas e meia.
Sugestão de leitura complementar para o aluno
A Terra. São Paulo: Ática, 1998, 6. ed. (Coleção Atlas Visuais)

Criança pré-histórica

Ponto de partida
Ler o texto Uma criança moderna, nascida há 160 mil anos.

Objetivos
1) Compreender que as teorias e hipóteses sobre a origem da humanidade são constantemente reformuladas com base em novos estudos e na descoberta de novos indícios de atividade humana no passado.

2) Constatar que a ciência tem seus limites, pois ela avança e recua em suas pesquisas, de acordo com as novas descobertas arqueológicas.

3) Perceber a importância de se identificarem os vestígios mais comuns estudados pelos pesquisadores: fósseis, objetos de uso cotidiano, etc.

Estratégias
1) Realizar a leitura do texto, seguindo a divisão dos subtítulos. O professor poderá escolher alguns alunos para realizar a leitura em voz alta, enquanto os demais acompanham em silêncio.

2) Se os alunos ainda não conhecem o tema, vale a pena levar para a sala de aula um mapa conceitual, com imagens, a fim de estabelecer comparações com o texto escrito.

3) É preciso também levar para a sala de aula o mapa-múndi, a fim de localizar as várias regiões mencionadas no texto. Assim, os alunos terão maior clareza sobre onde uma determinada espécie teria se originado. Vale a pena lembrá-los de que o conhecimento sobre a origem da humanidade se desenvolve a partir de hipóteses, as quais estão em constante processo de pesquisa, para confirmação ou refutação.

4) Seria interessante que cada aluno tivesse uma cópia do mapa-múndi, na qual ele pudesse localizar as regiões e sinalizá-las com lápis de cor. Peça para os alunos escreverem um título para o mapa e não se esquecerem de fazer a legenda.

5) Apresente uma Linha do Tempo da Pré-história e peça para os alunos destacarem, com lápis de cor, o período em que a criança de Jebel Irhoud viveu.

6) Peça para eles identificarem no texto as várias técnicas utilizadas pelos pesquisadores na datação do fóssil e na determinação da sua idade ao morrer.

7) Conclua o estudo perguntando qual o objetivo dessa pesquisa liderada pela cientista Tanya Smith e qual a importância desses estudos para nós.

História geral... Descobrimentos e especiarias, Estudando as relações familiares

História geral

Nível fundamental

Descobrimentos e especiarias

Ponto de partida
Ler a entrevista As viagens de Cristóvão Colombo.
Objetivos
1) Conhecer o contexto histórico da formação dos Estados Nacionais da Península Ibérica e o processo de fortalecimento dessas monarquias.

2) Perceber a importância da cartografia como aliada das monarquias portuguesa e espanhola no contexto das expansões marítimas.

3) Estabelecer relações de temporalidade entre passado e presente por meio do uso das especiarias.

Estratégias

1) Destacar para os alunos que o texto que será lido é uma entrevista com um historiador contemporâneo.

2) A leitura da entrevista deverá ser realizada em voz alta. O professor poderá escolher um aluno para fazer o papel de entrevistador, enquanto que o próprio professor pode representar o historiador que concede a entrevista.

3) Com antecedência, o professor poderá preparar transparências de mapas que representem o mundo como ele era conhecido no período das descobertas. É interessante destacar nesses mapas a representação do continente europeu, pois, a partir das grandes navegações do final do século 15 e início do século 16, a Europa passa a ser representada numa posição de destaque em relação ao restante dos continentes. Comparar esses mapas com os atuais, mostrando para os alunos o quanto a cartografia também é uma representação cultural.

4) Também vale a pena localizar no mapa-múndi atual a rota de navegação utilizada pela tripulação comandada por Cristóvão Colombo e os locais no Novo Mundo conquistados em nome da coroa espanhola.

5) Relacionar o nome do cartógrafo Américo Vespúcio com o nome dado ao Novo Mundo, justificando, dessa forma, o fato de Colombo não ter sido homenageado com o nome das novas terras descobertas.

6) Apresentar aos alunos o contexto histórico que antecede o período das grandes navegações e os fatos que motivaram o fortalecimento das monarquias ibéricas, sobretudo a portuguesa, permitindo que se tornassem pioneiras na expansão ultramarina.

7) A partir do uso das especiarias, o professor poderá estabelecer, juntamente com os alunos, relações entre temporalidades históricas distintas. Pergunte aos alunos se eles saberiam responder a origem de várias especiarias consumidas quase diariamente em nossas casas. Se eles não souberem, escreva na lousa a definição da palavra. Segundo os dicionários, especiaria é "qualquer produto de origem vegetal, aromático usado para condimentar iguarias". Mas as especiarias, para os europeus, significavam muito mais que isso, pois numa época em que não existia geladeira, elas eram usadas para conservar por mais tempo determinados alimentos e, muitas vezes, utilizadas até mesmo para disfarçar o mau cheiro. O seu consumo também representava status, uma vez que elas eram caras e raras, de acesso restrito a uma pequena parcela da sociedade. Hoje, as especiarias estão presentes praticamente em todas as cozinhas do mundo.

8) Solicite aos alunos que façam uma pesquisa sobre a origem e a finalidade de algumas especiarias, consideradas as mais valiosas e mais procuradas na Europa da época das grandes navegações: cravo-da-índia, gengibre, açafrão-da-terra, noz-moscada, canela, cássia, pimenta-do-reino e açafrão.

9) Como as especiarias eram comercializadas nas feiras européias, peça para os alunos se imaginarem nesses lugares, tentando comercializar esses produtos. Peça que se organizem em grupos de três e elaborem um jingle com o objetivo de atingir seu público-alvo. É interessante que o professor disponibilize alguns minutos para os grupos se apresentarem. A atividade pode soar como anacrônica, mas é um recurso para sintetizar o conteúdo proposto.



Estudando as relações familiares

Introdução
Devido às transformações que as estruturas familiares têm sofrido na época contemporânea, cabe à escola discutir, sem preconceitos, sobre essa diversidade. Assim, o estudo comparativo das relações familiares em diferentes sociedades e épocas levará os alunos à compreensão crítica das características de suas próprias famílias.

Objetivos
1. Conhecer os padrões familiares de diferentes sociedades em um mesmo período histórico.

2. Identificar como, por exemplo, fatores culturais e econômicos influenciam as relações familiares e a organização da estrutura familiar.

3. Valorização da diversidade.

4. Conhecer os conceitos de permanência e ruptura.

Estratégias

1. Peça aos alunos que desenhem os membros de suas famílias. A seguir, de maneira informal, dialogando com a turma, faça o diagnóstico dos diferentes tipos de famílias com os quais os alunos convivem. Na seqüência, pergunte o que eles acham: as famílias se organizam da mesma maneira em diferentes épocas e culturas?

2. Escolha alguns exemplos de estruturas familiares presentes nos segmentos sociais brasileiros. Seria interessante que fossem exemplos bem diferentes, que contemplassem as culturas indígena, asiática, africana, européia, etc. A partir desses exemplos, a turma poderá reconhecer diferenças e semelhanças em um mesmo período histórico.

3. A seguir, analise um tipo de organização familiar do passado; por exemplo, da Europa no século 18, explicando quais eram os papéis atribuídos a homens, mulheres e crianças.

4. Para finalizar, discuta com os alunos sobre como as relações familiares se transformam no tempo e no espaço, salientando que essas transformações ocorrem motivadas por fatores econômicos, culturais e, até mesmo, políticos. Cite, por exemplo, o caso da China, cujo governo determina o número de filhos que cada casal pode ter.

Atividade

Peça que os alunos tragam, na próxima aula, documentos que revelem parte da história de suas famílias, como fotografias, cartas, objetos, etc. Em duplas, eles devem trocar informações sobre suas famílias, escolhendo uma ordem determinada para usar o material que trouxeram. Isso mostrará aos alunos como se efetiva a construção da história, ou seja, que contar a história pressupõe fazer escolhas. Essa atividade também permitirá a troca de experiências e a valorização do outro no ambiente escolar.

terça-feira, 8 de julho de 2008

História geral...Antigo egito, descobrimento da América

História geral

Nível fundamental

Antigo Egito: dádiva do Nilo

Ponto de Partida
1) Ler o texto
Egito Antigo: planície fértil do rio Nilo favoreceu civilização egípcia

2) Ler o poema "Oração ao Nilo" sobre a prosperidade do Egito na Antigüidade:

Oração ao Nilo

(...)Salve, tu, Nilo!Que te manifestas nesta terraE vens dar vida ao Egito!Misteriosa é a tua saída das trevasNeste dia em que é celebrada!Ao irrigar os prados criados por Rá,Tu fazes viver todo o gado,Tu - inesgotável - que dás de beber à Terra!Senhor dos peixes, durante a inundação,Nenhum pássaro pousa nas colheitas.Tu crias o trigo, fazes nascer o grão,Garantindo a prosperidade aos templos.Se paras a tua tarefa e o teu trabalho,Tudo o que existe cai em inquietação.

(Extraído de: Livros sagrados e literatura primitiva oriental, Tomo II. In: Coletânea de Documentos Históricos para o 1º grau. São Paulo, CENP/Sec. de Est. da Educação, 1978, p. 55.)
Justificativa
A civilização egípcia não teria alcançado seu esplendor se não fosse um elemento natural, responsável pelo desenvolvimento não só agrícola, mas também social, cultural, político e religioso. Esse elemento natural nada mais é que o próprio rio Nilo, considerado a própria divindade para os antigos egípcios. Portanto, é impossível estudar o Egito Antigo sem mencionar a importância do rio Nilo tanto no passado quanto no presente.
Objetivos
1) Resgatar a historicidade da cidade onde os alunos vivem e os aspectos geográficos que favoreceram o crescimento da cidade;

2) Localizar no mapa hidrográfico os cursos d'água que cortam a cidade onde os alunos vivem;

3) Apresentar a Linha do Tempo da História e a Linha do Tempo da história do Egito Antigo com o intuito de facilitar a compreensão da duração temporal da sociedade a qual será estudada;

4) Identificar no mapa-múndi o continente onde se localiza o Egito e o curso do rio Nilo pelo interior desse continente;

5) Interpretar gênero literário como fonte para a construção do conhecimento histórico.
Estratégias
1) Antes de iniciar o conteúdo, peça aos alunos que pesquisem a história da cidade onde eles vivem. Questões que abordem aspectos históricos e principalmente geográficos (proximidade com um rio importante que corta a cidade) são dados importantíssimos para o professor desenvolver nos alunos noções de comparação como semelhanças e diferenças entre temporalidades e lugares distintos.

2) Pergunte aos alunos se a cidade onde eles vivem é cortada por algum rio e qual o nome desse rio. Aproveite a ocasião e leve para a sala de aula um mapa da cidade que apresente os recursos hídricos. Como a maioria das cidades brasileiras surgiu nas proximidades de cursos d'água, essa característica é importante para destacar paralelamente a importância da água do rio Nilo para a população egípcia tanto na Antigüidade quanto na atualidade.

3) Leve para a sala de aula uma transparência (que possa ser visualizada por meio do uso do retroprojetor) contendo a Linha do Tempo da História (tradicional) e pergunte aos alunos qual dos períodos a história do Egito Antigo se encaixaria. Isso é um exercício que visa desenvolver nos alunos a assimilação da duração temporal (a extensão do tempo) de um período ou um acontecimento numa Linha do Tempo, aprendendo dessa forma a consolidar e a lidar com noções temporais e históricas.

4) Depois do exercício acima, mostre também em transparência a Linha do Tempo da história do Egito Antigo. Lembre-se de comentar com os alunos que a divisão da história do Egito Antigo apresenta divergências em vários livros didáticos, paradidáticos, enciclopédias, pois as datas são aproximadas e isso não quer dizer que elas estão incorretas.

5) Mostre aos alunos a localização espacial também da sociedade que está sendo objeto de estudo. Apresente o mapa-múndi e pergunte aos alunos a qual continente o Egito pertence. Esta pergunta pode parecer óbvia, pois irão responder que pertence ao continente africano, mas infelizmente, até bem pouco tempo atrás, algumas coleções didáticas ainda se referiam ao Egito como uma das civilizações do Oriente Médio, ou seja, pertencente ao continente asiático. Após a Lei 10.639/2003 que obriga o ensino da história da África no Brasil, a localização espacial do Egito Antigo passou a ser destacada como pertencendo ao norte do continente africano e não como sendo uma das civilizações do Oriente Médio.

6) Se possível, imprimir cópias do texto Egito Antigo: planície fértil do rio Nilo favoreceu civilização egípcia, disponível no site Educação do UOL, e entregá-las para cada dupla de alunos da classe. O texto deverá ser lido de forma que o professor possa interrompê-lo à medida que perceba que determinados itens possam ser mais bem explicados para a compreensão total dos seus alunos.

7) Com relação ao poema "Oração ao Nilo" elabore uma atividade em que possa ser avaliado o conteúdo já estudado até então. Ao apresentarmos outro gênero textual para os alunos, é necessário destacarmos a importância de o historiador trabalhar com diversas fontes, inclusive a literária, para a produção do conhecimento histórico. Questões que abordem a importância do rio Nilo para o desenvolvimento das atividades humanas; a natureza como religiosidade; as relações de poder entre os espaços que podem ser caracterizados como rurais e urbanos (prados x templos), os tipos de alimentos consumidos etc.


Descobrimento da América

Objetivos
1) Conhecer a viagem realizada por Cristóvão Colombo e o contexto político, econômico e cultural em que ela foi empreendida;
2) Entender o significado do fato em sua época e para as épocas posteriores;
3) Desenvolver um posicionamento crítico acerca da idéia de descobrimento.
Ponto de partida
Leitura o texto
Descoberta da América: Carlos Guilherme Mota fala sobre as viagens de Colombo, que é uma entrevista dada pelo historiador ao site Educação.
Estratégias
1) Para começar, de maneira descontraída, a entrevista poderia ser lida em sala de aula, por uma ou mais duplas de alunos, que estariam simulando a posição de entrevistador e entrevistado;
2) Depois da leitura, cada aluno deve levantar os aspectos que lhe pareceram mais importantes no texto;
3) Com a classe reunida em círculo, cada aluno expõe os aspectos que levantou. Nesse momento, o professor deve intervir, ressaltando os aspectos que são verdadeiramente essenciais.
Atividades
1) A viagem de Colombo pode ser um ponto de partida para os alunos empreenderem uma viagem maior na época em que ela se realiza, pesquisando outros temas correlatos como o Mercantilismo, o Renascimento, o descobrimento do Brasil, etc.;
2) Individualmente, os alunos podem também reescrever o texto da entrevista, não sob a forma de perguntas e respostas, mas de uma dissertação que, resumidamente, dê conta dos principais aspectos do assunto;
3) Na resposta à última questão da entrevista, o autor apresenta o significado que ele atribui ao acontecimento. Seu posicionamento está longe de ser ponto pacífico. Ao contrário, é polêmico e pode motivar um debate sobre o tema. O que seus alunos acham do que afirmou Carlos Guilherme Mota? Estão de acordo com ele ou não? Por quê?
Sugestão
Alimente a imaginação de seus alunos e aproxime-os da época que está sendo focalizada. A viagem de Colombo é o tema de "1492 - A Conquista do Paraíso", filme de Ridley Scott, com Gérard Depardieu e Sigourney Weaver, que pode ser encontrado em vídeo ou DVD.

domingo, 6 de julho de 2008

História geral...Herança romana, Grécia antiga

História geral

Nível fundamental

Herança romana


Objetivos
Mostrar como muitas de nossas instituições políticas, jurídicas e culturais originam-se na Antigüidade latina.
Comentário
Para o aluno contemporâneo, o estudo de história antiga parece completamente desligado da realidade dos dias de hoje. O estudo da civilização romana antiga é perfeito para mostrar que essa é uma falsa visão da história, baseada em preconceito e desconhecimento.
Ponto de partida
Pode-se começar de modo lúdico e descontraído, mostrando como o mundo romano ainda está presente no imaginário atual, seja em filmes ou histórias em quadrinhos. Proponha a seus alunos que pesquisem o assunto e procurem obras nesse sentido, como os quadrinhos de Asterix, o Gaulês, filmes como "O Gladiador" (direção de Ridley Scott) ou "Espártaco" (direção de Stanley Kubrick), ou ainda as versões cinematográficas das aventuras de Asterix. Procure criar um clima, envolver seus alunos com o objeto de estudo, sem que, no primeiro momento, isso reverta numa atividade prática.
Atividades
1) Depois de se assistirem os filmes ou lerem os quadrinhos, procurar discuti-los, a partir da leitura dos textos Roma Antiga: das origens lendárias ao Império ou Antigüidade clássica: o mundo antigo nos quadrinhos de Asterix: o que se pode encontrar nos filmes e nos quadrinhos daquilo que se afirma nos textos?;
2) Peça a seus alunos que pesquisem a origem das palavras (e dos conceitos) de "direito", "lei", "lar", "município", "república", "salário", "senado". Além do caráter lingüístico, de sua proveniência latina, o que elas têm que ver com a Roma antiga?
3) Considerando o que foi discutido nos itens anteriores, proponha que os alunos escrevam uma redação dizendo se se consideram ou não herdeiros da civilização romana. Por quê?


Grécia Antiga

Objetivos
1) Conhecer as características da civilização grega;
2) Situar historicamente os principais períodos da história da Grécia;
3) Discutir o conceito de democracia;
4) Associar elementos da civilização grega com instituições e conceitos de nossa sociedade.
Comentário
Embora o tema Grécia Antiga tenha um caráter introdutório no ensino fundamental, seu estudo deve abranger os diferentes aspectos políticos, sociais, culturais e artísticos que fazem da Grécia o berço da civilização ocidental.
A utilização de um mapa do império helênico torna mais fácil uma visão de conjunto e a percepção da relevância que a civilização grega tinha na época.
Material
O texto Grécia - Antigos gregos deram origem à democracia e à civilização ocidental pode servir como ponto de partida para a aula.
Estratégias
1) Inicialmente, proponha a seus alunos a leitura do texto indicado no item anterior;
2) Depois da leitura, os alunos devem se organizar em duplas para trabalhar as informações do texto;
3) Cada dupla deve formular uma pergunta sobre o tema, discutindo com o professor sua relevância e propriedade;
4) As perguntas devem ser entregues ao professor e colocada numa urna.
Atividades
1) Uma gincana é realizada na classe, com o sorteio de perguntas;
2) A cada pergunta sorteada, a dupla que souber a resposta levanta a mão. Se a resposta for correta, a dupla ganha um ponto. Se a resposta estiver errada, a dupla perde dois pontos. Se a resposta estiver apenas parcialmente certa ou incompleta, a dupla não ganha nem perde pontos;
3) Ao fim de cada pergunta, o professor revê a matéria e esclarece as razões do acerto ou do erro, fornecendo a resposta correta;
4) Faz-se a contagem de pontos, declarando vencedora a dupla com maior número de acertos.
Sugestões
Vários recursos podem ser utilizados como ferramentas de trabalho para essa unidade. Mapas do império helênico, imagens da arquitetura, dos monumentos e da arte na Grécia, museus e instituições culturais fornecem um material rico e variado sobre o tema.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

História geral...Diário de Anne Frank, reforma e contra-reforma

História geral
Nível fundamental
Diário de Anne Frank


Objetivos
1) Apresentar o Holocausto - o assassinato de milhões de judeus nos campos de extermínio criados pelos nazistas - , pela perspectiva de uma adolescente, que o testemunhou e foi vitimada por ele;
2) Esclarecer que a história não é um processo mecânico, regido exclusivamente por causas políticas e econômicas. Ela também tem uma dimensão humana e dramática, que não deve ser esquecida.
Comentários
Simpatizantes do nazismo, que se autodenominam "historiadores revisionistas", tentaram desacreditar o "Diário de Anne Frank" desde que o livro foi publicado pela primeira vez. Por isso, o diário já foi submetido a análises forenses diversas vezes. Em todas elas, a sua autenticidade foi comprovada. A verdadeira razão para os revisionistas negarem a autenticidade do "Diário de Anne Frank" é o fato de que, por se constituir num dos melhores testemunhos do horror nazista, esse texto é um dos principais obstáculos para a difusão do revisionismo nazista.
Estratégias
1) Leitura do texto Anne Frank no site Educação.
2) O ideal seria que os alunos fizessem uma leitura integral do "Diário de Anne Frank". Caso isso não seja possível, convém selecionar apenas alguns trechos para leitura em sala de aula. A leitura desses trechos pode ser feita tanto nas aulas de história (pelo caráter testemunhal da obra) quanto nas aulas de português (pelo valor literário da obra em si, que revela a sensibilidade da autora).
3) Apresentar imagens de Anne Frank também pode contribuir para aumentar a empatia entre os alunos e a autora do diário. Fotografias onde apareçam pessoas que morreram nos campos de extermínio nazistas ajudam a lembrar que cada vítima do nazismo tinha um rosto, um nome, uma família, uma identidade. Resgatar a individualidade das vítimas desse genocídio é uma forma de lembrar que estamos falando de pessoas e não de meros números em estatísticas.
4) Diferenças culturais à parte, uma adolescente brasileira dos dias de hoje pode perfeitamente se identificar com uma adolescente judia que vivia na Europa daquela época. É importante que os alunos percebam que Anne podia ser um deles ou uma pessoa que conhecessem: irmã, amiga, namorada etc. Ao estabelecer essa empatia, os estudantes podem perceber com mais facilidade que a história não estuda apenas as ações dos líderes políticos e militares, mas também o cotidiano das pessoas comuns e anônimas.
Atividades
1) A partir da leitura, as seguintes questões podem ser levantadas para discussão em sala de aula:
· Você arriscaria sua vida para ajudar a esconder pessoas que estivessem sendo vítimas de uma perseguição injusta?
· Você aceitaria correr os riscos a que se submeteram os cidadãos não-judeus que ajudaram a esconder judeus dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial?
Trata-se de questões éticas que nos fazem lembrar que muitas vezes a coisa mais certa a fazer é também a mais difícil. Incentivar os alunos a colocarem-se no lugar do outro, especialmente daqueles que são vítimas do preconceito, de injustiças e da violência é uma forma de promover valores como a solidariedade e a tolerância.
2) Outra atividade que pode ser feita a partir do diário é propor que, seguindo o exemplo de Anne Frank, os alunos escrevam sobre violências ou injustiças que eles próprios testemunharam. Para evitar constrangimentos, explique aos alunos que esses depoimentos por escrito podem ser anônimos. Depois, leia-os em voz alta. Se preferir, pode distribuir os textos aleatoriamente para os alunos lerem (o que aumenta a probabilidade de que cada aluno leia o depoimento escrito por outro colega).
3) Outro tipo de atividade que pode ser feita é propor aos alunos que adaptem o "Diário de Anne Frank" para uma peça de teatro. Trata-se de uma atividade que pode envolver toda a classe. Nesse caso, deve-se dividir a classe em grupos, cada um incumbido de uma tarefa específica: um grupo pode ficar encarregado de adaptar o texto, outro de fazer os cenários, outro de interpretar as personagens e assim por diante.
Sugestões e dicas
Convém complementar a utilização do "Diário de Anne Frank" com outras obras e fontes sobre o assunto. A exibição de um filme como "A Lista de Schindler", dirigido por Steven Spielberg, e/ou a leitura de "Maus", de Art Spiegelman, podem ser excelentes complementos que reforçam a denúncia contra o nazismo.
Outro material que pode ser usado como complemento ao assunto é o documentário "Mensagens para um Futuro Mais Tolerante com trechos de depoimentos de sobreviventes do Holocausto. O documentário foi produzido pelo Centro da Cultura Judaica, em São Paulo, e foi dirigido por Anita Pinkuss e Paulo Baroukh.
O documentário foi fruto do Projeto Lembrar, coordenado por Anita Pinkuss, que colheu depoimentos no Brasil de sobreviventes do Holocausto. O Centro da Cultura Judaica disponibiliza esse documentário, devidamente acompanhado de um guia com orientações aos professores,para a distribuição em escolas.
Para ver o documentário clique aqui



História geral
Reforma e Contra-Reforma

Objetivos
1) Conhecer os fatores econômicos, políticos e sociais que deram origem à Reforma protestante;
2) Estudar a cronologia de acontecimentos da Reforma, o surgimento das teses de Lutero, o papel de Calvino e a formação da Igreja anglicana
3) Discutir as deliberações da Igreja católica para combater o avanço do protestantismo.
Comentário
O período de transição marcado pela Reforma protestante e pela eclosão da Contra-Reforma é complexo e pode ser estudado sob vários ângulos. O professor deve avaliar a distribuição do conteúdo levando em conta o número de aulas disponíveis e o conhecimento prévio dos alunos, adquirido em outras unidades da disciplina.
Material
O texto Reforma e Contra-Reforma pode servir como ponto de partida para o trabalho em aula.
Estratégias
1) Inicialmente, proponha a seus alunos a leitura do texto indicado no item anterior;
2) Depois da leitura, os alunos devem formular questões sobre o conteúdo estudado, para serem debatidas com o professor em aula;
3) A seguir, a classe é dividida em grupos para o estudo específico de alguns tópicos, como os abaixo relacionados:
a) Reforma e Contra-Reforma: aspectos econômicos;b) Aspectos políticos;c) Decadência espiritual da Igreja católica;d) Lutero e Calvino;e) A formação da Igreja anglicana;f) Concílio de Trento e os tribunais do Santo Ofício.
Atividades
1) Uma vez estabelecidos os temas que serão trabalhados por cada grupo, o professor pode auxiliar na elaboração de um roteiro de estudos, para fixar os principais pontos a serem abordados pelos alunos;
2) Os grupos devem apresentar o resultado de suas pesquisas num seminário, realizado em sala de aula.
Sugestões
Há um grande número de recursos que podem ser utilizados como apoio a essa unidade. O uso de material iconográfico, com imagens referentes ao período, é interessante como ferramenta de trabalho, e pode ser facilmente acessado em sites da internet. Outro recurso didático eficiente é a projeção do filme "Lutero", dirigido por Eric Til (2003), disponível em DVD. O filme fornece um bom panorama da época em questão e pode ser debatido em classe com bons resultados.

História geral...Guerra de Secessão, revolução industrial

História geral

Nível fundametal

Guerra de Secessão (1861-1865)

Introdução
O estudo da denominada Guerra de Secessão (separação) iniciada em abril de 1861, ocasionada por diferenciados interesses econômicos e políticos entre o sul e norte, permite reconhecer os posicionamentos dos sujeitos históricos envolvidos e ainda algumas das raízes da condução da economia dos Estados Unidos da América.
Além disso, os alunos podem desenvolver seus conhecimentos sobre a exploração da mão-de-obra daqueles que foram escravizados e entender como essa mesma mão-de-obra sustentou não só a economia brasileira, mas também a economia de outras regiões do planeta, sem desprezar os conflitos em nome do fim ou da manutenção da escravidão.
Objetivos
1) Reconhecimento do contexto histórico em que inicia a guerra civil.
2) Percepção dos diferentes interesses entre os Estados do norte (industrializado e interessado no protecionismo alfandegário) e do sul (economia agrária que defendia a liberdade de comércio).
3) A luta a favor e contra a abolição e os interesses econômicos relacionados a ela.
4) As repercussões da Guerra de Secessão no Brasil: a venda do algodão brasileiro e a formação da cidade de Americana.
Estratégias
1) Inicie a aula com uma explanação sobre o contexto histórico em que foi iniciada a Guerra de Secessão. É fundamental que os alunos percebam o quanto o período de desenvolvimento influenciou na ocorrência do conflito. É relevante tratar com os alunos o que proporciona o crescimento territorial que se efetivava, quem perdia e quem ganhava com tal desenvolvimento.
2) Depois da fase expositiva e dialogada da aula, divida a sala em dois grandes grupos. Um deles representará os Estados do norte e outro os Estados do sul. Apresente as condições econômicas das elites dos dois grupos, do que viviam, o que garantia seus principais ganhos econômicos, suas expectativas e interesses etc. Procure fazê-lo de modo que os grupos percebam as diferenças econômicas entre as duas regiões e entendam o distanciamento em relação às idéias abolicionistas.
3) Depois deste trabalho de reconhecimento das intencionalidades dos agentes históricos, leve a sala de aula pequenos cartazes (folhas sulfites) em que estejam escritas as intenções dos Estados do sul e do norte. Separe a lousa em duas partes (uma representando os Estados do sul e outra os estados do norte) e peça aos alunos que digam em que grupo se encaixa corretamente cada uma das informações que você lerá e fixará no espaço definido pela maioria.
Observação: Ainda não faça correções, caso algum dado seja colocado incorretamente, e observe por meio das colocações dos alunos se alguma idéia precisará ser esclarecida ou retomada. Desse modo se efetiva um processo de recuperação contínua do aprendizado.
4) Faça questões problematizadoras: Quem vocês acham que venceu o conflito? Por que razão?
Use as idéias levantadas pelos alunos para demonstrar os resultados, efeitos e relações desta guerra no passado e suas relações com o presente.
5) Por fim volte ao quadro montado pela sala, faça as devidas correções ou mesmo aprofunde aspectos fundamentais sobre este fato histórico.
Atividade
1) Para que os alunos reconheçam a relevância desse episódio histórico entregue pequenos textos retirados de diversas obras (livros didáticos, revistas, etc.) e peça que metade das equipes (cerca de três alunos cada) busque as relações desse evento histórico com a realidade brasileira e o restante dos grupos presentes na sala analise mais aspectos sobre a luta abolicionista e seus opositores.
2) Nesse momento, os grupos devem fazer os registros das descobertas em cartazes, que serão usados para apresentar suas conclusões sobre o tema estudado para toda a turma.




Revolução Industrial

Introdução
Refletir sobre os resultados da efetivação do imperialismo na África possibilita o reconhecimento de algumas problemáticas atuais no continente. É fundamental que este trabalho se desenvolva valorizando a diversidade cultural africana sem que sua história fique atrelada ao desenvolvimento histórico europeu.
Esta abordagem permite analisar não apenas aspectos econômicos e políticos que levaram ao processo de neocolonialismo, mas também estabelecer reflexões sobre as idéias que o legitimaram.
Objetivos
1) Reconhecimento do contexto e das justificativas para a efetivação do imperialismo.
2) Análise de mapa.
3) Reconhecimento e debate sobre o conceito de imperialismo.
4) Uso de histórias em quadrinhos para a construção do conhecimento histórico e análise dos quadrinhos como documento histórico.
Estratégias
1) Leve à sala de aula um mapa do território africano dividido entre os países imperialistas. Peça que os alunos o observem atentamente e levantem questões como: "Por que os nomes de outros países estão presentes no mapa africano?"; "Este mapa é semelhante ao do continente africano na atualidade?".
2) Exponha uma pequena definição do que significa o termo imperialismo. Use o retroprojetor, peça que um aluno leia e inicie um debate com os alunos.
3) Agora peça que os alunos relacionem o mapa ao conceito. Utilize suas conclusões para iniciar a apresentação desta temática de modo expositivo. É fundamental que os aspectos culturais africanos que foram desconsiderados nessa "partilha da África" sejam abordados, além dos aspectos econômicos e políticos.
4) Depois da reflexão referente às razões econômicas e políticas da exploração imperialista, questione a turma se esse tipo de exploração seria efetuado sem que nada o legitimasse. Neste momento é fundamental que os alunos percebam a necessidade de observar diferentes aspectos de um dado contexto histórico para que ele possa ser percebido em toda sua complexidade. Então, aborde o que foi o darwinismo social e sua utilização.
Atividades
1) Entregue aos alunos, dispostos em duplas, textos para aprofundamento da temática em análise.
2) Traga para a sala de aula uma pequena história em quadrinhos e faça um procedimento de leitura como documento histórico. Tal procedimento permitirá que os alunos percebam quais estratégias podem usar na construção de sua história em quadrinhos e como analisá-las numa pesquisa histórica.
3) Peça que os alunos criem uma história em quadrinhos que apresente o processo de colonização africana. Devem ser criados os personagens e na história é fundamental que os aspectos tratados em sala de aula sejam retomados. Os quadrinhos permitem ilustrar o conhecimento e podem ser também usados para análise de conceitos utilizados na história, estudados como registro de época etc.
4) Peça que algumas duplas apresentem aos colegas os procedimentos escolhidos para tratar a problemática na história em quadrinhos.
5) Para finalizar o trabalho exponha a produção de toda a turma para que as várias histórias sejam socializadas. Nesta exposição é interessante retomar o uso dos quadrinhos para a disciplina e fazer um pequeno registro no mesmo mural.
Sugestões
O uso das histórias em quadrinhos é uma estratégia que possibilita o desenvolvimento de uma série de habilidades e competências. Neste sentido, a atividade pode ser desenvolvida de modo interdisciplinar. Isso pode tornar a proposta ainda mais significativa para os alunos.
Seu uso é muito mais complexo e apresenta muitas outras possibilidades, além das apresentadas neste plano. Para que se possa conhecer outras estratégias de uso, a obra "Como Usar as Histórias em Quadrinhos na Sala de Aula" permite importante aprofundamento.
BARBOSA, Alexandre. "Como Usar as Histórias em Quadrinhos na Sala de Aula". Alexandre Barbosa, Paulo Ramos, Túlio Vilela, Ângela Rama, Waldomiro Vergueiro, (orgs.). 2a ed. - São Paulo: Contexto, 2005.

terça-feira, 3 de junho de 2008

História geral... A revolução dos bichos, idade média nos livros didáticos

História geral
Nível fundamental
A Revolução dos Bichos

Introdução
Já é um consenso entre os historiadores a importância de diferentes fontes para a construção do conhecimento histórico com os alunos. Entre elas está a literatura, daí a proposta de usar uma obra literária - "A Revolução dos Bichos" de George Orwell - para o debate de assuntos como o socialismo X capitalismo, ou mesmo sobre problemas como terra, trabalho e propriedade.
Objetivos
1) Reconhecer a literatura como fonte para construção do conhecimento histórico.
2) Demarcar os limites entre literatura e história.
3) Relacionar os problemas enfrentados pelos personagens (animais que representam as ações e problemas humanos) com os problemas da atualidade.
4) Buscar as raízes históricas de problemas sociais como a desigualdade social, a fome, a exploração do trabalho.
5) Reconhecer a importância dos símbolos na história da humanidade etc.
Estratégias
1) Peça que seus alunos leiam o livro em casa. Depois, escolha capítulos ou partes importantes para ler com a turma e apresentar os objetivos para a escolha da obra, ou seja, relacioná-la com os temas que irá discutir com o grupo.
2) Depois de efetuada a leitura, retome partes da obra e problematize o que representam os animais e suas atitudes, ou seja, contextualize a leitura e a relacione com problemas sociais da população brasileira na atualidade.
3) Leia o hino "Bichos da Inglaterra" e relacione com o hino do MST (movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra) para levantar aspectos como a organização de movimentos social e a importância da simbologia para criação da noção de pertencimento, idéia de unidade.
4) Peça uma pesquisa sobre quem foram Sansão e Napoleão, para compreender as escolhas do autor ao definir os nomes das personagens.
Atividades
Depois de realizadas todas as estratégias descritas acima peça que os alunos (em grupos pequenos) comparem os sete mandamentos da "revolução dos bichos" com os princípios gerais que norteiam algum movimento social, por exemplo, o MST, já mencionado. Eles devem levantar suas proximidades e distanciamentos.
Terminada essa etapa do trabalho eles devem listar quais as razões que unem os participantes do movimento social analisado e compará-la com as razões que unem os animais. Assim podem pesquisar as razões históricas dos problemas sociais em análise.
Por fim os alunos podem apresentar uma proposta de solução para este problema, ou seja, se colocarem como sujeitos históricos que refletem sobre a realidade social em que se inserem. Esta proposta deve ser apresentada para a sala como uma espécie de projeto para melhoria das condições da população.
Sugestão
Faça com que seus alunos tenham o livro como um documento histórico, portanto, que busquem informações sobre o autor, seu contexto histórico e principalmente sua intenção ao escrever uma obra de vulto como é "A Revolução dos Bichos".


Idade Média nos livros didáticos

Introdução
O tratamento do período medieval nos livros didáticos têm se transformado diante das reorientações vividas pela historiografia. Isso nega a idéia de que este ou qualquer período da história possa ser denominado "Idade das Trevas".
Entretanto, o professor ainda encontra dificuldades em trabalhar esse tema quando pede aos alunos o desenvolvimento de pesquisas extra-classe para complementação dos trabalhos desenvolvidos em sala de aula.
Tais dificuldades se devem ao fato de não se dominarem todos os materiais que os alunos podem usar como fonte para construção do conhecimento. A idéia desta aula é fazer um caminho "inverso", ir à biblioteca da escola com seus alunos a procura de materiais que possam comprovar essa reorientação da historiografia de modo que eles construam com autonomia seus próprios questionamentos.
Objetivos
1) Tratamento do livro didático como fonte.
2) Reconhecimento da produção cultural, intelectual, econômica da Idade Média - negação da idéia de "Idade das Trevas".
3) Desenvolvimento de habilidades para pesquisa.
Estratégia
1) Antes da aula, é importante que os principais conceitos em relação à Idade Média, ou ao recorte que se deseja trabalhar, já tenham sido desenvolvidos com seus alunos. Somente depois disso, poderão ser avaliados os livros didáticos, usando as habilidades e competências pautadas em referenciais historiográficos.
2) Em sala de aula, problematize aspectos do período medieval, escolha um tema específico para os alunos pesquisarem como ele se apresenta nos livros didáticos. Oriente os alunos para buscarem dois livros didáticos: um mais "antigo" e outro mais "recente". Desse modo, provavelmente, será possível trabalhar com as reorientações conceituais presentes e ainda os juízos de valores presentes em alguns materiais que descrevem esse contexto histórico como desprovido de desenvolvimento, atrasado, etc.
Observação: um aspecto interessante para análise são os avanços na agricultura, por meio do desenvolvimento das técnicas, como o uso do sistema de rotação trienal, a utilização do arado, novas formas de adubação, etc.
3) Oriente os alunos que efetuem a leitura dos dois materiais e criem um quadro comparativo, no qual escolham expressões usadas para tratar do referido tema. Peça que façam esse quadro em uma cartolina (qualquer tipo de material que possa ser visualizado por todo o grupo - média de 5 alunos).
4) Agora é importante que as análises das equipes sejam socializadas. Peça que o grupo escolha dois representantes, um deles deve apresentar uma síntese sobre o historiador ou historiadores responsáveis pelo material didático e ainda a época em que o livro foi escrito. Nesse momento, é fundamental serem efetuadas intervenções demonstrando o quanto a época da produção do material didático é relevante para sua análise. Essa demonstração fará com que não haja um certo "maniqueísmo" nas análises dos livros, um aparecendo como "ideal" e outro como material "ruim".
5) Já o segundo representante deve apresentar o cartaz produzido para a sala chamando atenção para as principais semelhanças e diferenças entre os dois livros didáticos. Sensibilize a turma para participar, comparando os materiais que analisaram mesmo que isto antecipe parte de sua apresentação. 6) Depois de todas as apresentações faça uma retomada do que foi discutido e se necessário for faça algumas "correções" conceituais.
Atividades
1) Formule uma série de questões referentes ao conteúdo, aos conceitos e ao tratamento dos documentos em história. Cada uma delas deve ter no mínimo três alternativas e ainda uma pequena justificativa/explicação da resposta que deve ser escolhida.
2) Divida a sala em duas grandes equipes e desenvolva uma espécie de gincana com os conteúdos trabalhados durante os estudos do período medieval e também quanto aos conceitos desenvolvidos durante seu estudo.
Observação: Antes de iniciar o jogo, defina com o grupo as regras e qual seria a premiação da equipe vencedora, deixe que o grupo se coloque em relação a isso porque, dessa maneira, estabelecem o que acreditam ser prioridade.
Sugestões
Se o tempo para o desenvolvimento do trabalho for escasso faça uma pré-seleção dos livros na biblioteca da escola. Assim ficará mais fácil o acompanhamento dos textos cuja a análise foi efetuada por esta ou aquela equipe.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

História geral...Expanção marítma, revolução industrial

História geral

Nível fundamental

Expansão martítima


Objetivos
1) Esclarecer porque a Inglaterra, a França e a Holanda foram retardatárias na busca de novas rotas de comércio para o Oriente se comparadas aos países ibéricos;
2) Demonstrar as rotas tentadas por esses países;
3) Destacar o momento da mudança de estratégia, quando a idéia da procura por novas terras foi abandonada e substituída pelo processo de colonização da América do Norte e do Caribe;
4) Comparar e analisar a diferença entre a colonização do Caribe e da América do Norte;
5) Analisar as relações entre os Estados europeus e os piratas do Caribe, ressaltando as diferenças destes em relação aos corsários;
6) Estabelecer uma relação entre o enfraquecimento de Portugal - durante o período do Domínio Espanhol (1580 a 1640) - e as invasões holandesas aos territórios portugueses do Oriente e ao Nordeste do Brasil;
7) Destacar o papel das "Companhias das Índias" (Orientais e Ocidentais) no caso da expansão holandesa.
Comentário introdutório
O assunto tratado nesta aula não é facilmente encontrado em livros didáticos. As informações normalmente são dispersas e acabam por fazerem referência apenas ao início da colonização de algumas regiões da América, sobretudo da América do Norte.
Há um certo vazio de dados disponíveis, mesmo nos melhores livros didáticos, sobre o início das grandes navegações inglesas, francesas e holandesas e o estabelecimento de colônias em território americano.
Ponto de partida
Pode-se utilizar o texto A expansão marítima tardia da Inglaterra, França e Holanda do Educação. Será indispensável o uso de mapas que demonstrem as rotas percorridas e os territórios colonizados.
O ideal é exibir esses mapas para toda a sala através de retroprojetor ou data show.
O "Atlas da História do Mundo", Folha de S. Paulo, 1995, e o "Atlas da História Moderna" (Verbo/EDUSP,1979), de Colin McEvedy são duas ótimas fontes. Sobre a relação entre corsários, Estados europeus e colonização do Caribe, há uma vasta matéria na revista História Viva (Ed. Duetto), nº 3, de janeiro de 2004.
Estratégias
O tema dessa aula só ganha sentido se for usado como um complemento ao estudo da expansão marítima ibérica. Sua abordagem, em todo caso, cria uma base para o início do estudo da colonização da América do Norte e do Caribe ao destacar os interesses dos colonizadores e as condições em que se criaram seus núcleos de ocupação nos territórios em questão.
Atividades
Faça a leitura do texto A expansão marítima tardia da Inglaterra, França e Holanda acompanhada da projeção simultânea das rotas de navegação, nos mapas recomendados, para que os alunos possam ter detalhes do processo, passo a passo.
Sugestões e dicas
O tema da pirataria é sempre um assunto que desperta o interesse dos alunos. A projeção de filmes da trilogia "Piratas do Caribe", do diretor Gore Verbinski, pode abrir uma discussão sobre o glamour desses personagens, no cinema, e uma comparação entre pirataria no passado e no presente.

Revolução Industrial

Introdução
O estudo das razões e significados do pioneirismo inglês no processo de industrialização permite reconhecer uma série de relações que a Inglaterra manterá posteriormente com diversos países, inclusive com o Brasil.
Além disso, este estudo pode favorecer a compreensão das alterações que essa revolução gerou nas sociabilidades e como tais aspectos levaram a uma reestruturação no uso do tempo e do espaço na sociedade inglesa. Essa reestruturação atingirá mais tarde os demais países que desenvolverão seus processos de industrialização.
O trabalho pode também abordar as alterações nas relações de trabalho que se efetivarão com a necessidade da produção em larga escala. Na abordagem desta problemática é importante que sejam analisadas as permanências e mudanças na exploração do trabalho infantil, masculino e feminino e que a luta por direitos do trabalhador seja reconhecida no processo de longa duração.
Antes desta aula se efetivar peça que os alunos desenvolvam pesquisas prévias sobre o que foi a Revolução Industrial e sobre a exploração do trabalhador neste processo (inclusive da criança). Deste modo, o aproveitamento será maior e as colaborações dos alunos, mais freqüentes.
Objetivo
1) Reconhecimento das especificidades que permitiram à Inglaterra o pioneirismo no processo de industrialização.
2) Percepção das transformações econômicas e principalmente das mudanças nos hábitos e nas relações de trabalho existentes no território inglês.
3) Reconhecimento da longa duração da exploração do trabalhador (inclusive da mão-de-obra infantil) e da luta por direitos relacionados ao mundo do trabalho.
4) Percepção do uso do livro didático como fonte para o trabalho do historiador.
5) Uso da fotografia como registro de versões da história.
Estratégias
1) Faça a leitura coletiva de um texto referente à Revolução Industrial. A leitura deve ser entrecortada por suas interferências, para que a temática seja compreendida mais facilmente. Se o conteúdo do livro didático adotado na escola em relação ao tema não for suficiente, material didático extra pode ser produzido pelo professor. Este tipo de atividade é fundamental no cotidiano escolar para que a habilidade de leitura seja desenvolvida.
2) Depois de abordar a temática, faça um trabalho com os alunos em que eles interpretem momentos que representem a exploração do trabalho nas fábricas. Eles devem fotografar estas cenas e, a partir dos resultados, organizar uma exposição de toda a sala, com legendas que ajudem a compreender as representações desse momento histórico. É importante fazer uma pequena exposição sobre a história da fotografia e suas possibilidades de uso no trabalho de pesquisa histórica, para que a proposta fique fundamentada.
Atividades
1) Escreva com a turma os principais aspectos da Revolução Industrial na Inglaterra. Depois deste levantamento sorteie cada um dos aspectos para cada grupo de alunos (sugestão: grupo com cinco componentes).
2) Peça que cada equipe utilize uma maneira para representar o aspecto que terá de abordar, preferencialmente uma apresentação interativa.
3) Monte com toda a turma um "túnel do tempo" em que a Revolução Industrial será o tema gerador. Nele cada equipe deverá efetuar sua apresentação interativa sobre o processo de industrialização inglês. Qualquer instrumental ou metodologia usados devem antes ter sido observados pelo professor. É importante que a turma decida qual ordem nas apresentações é mais apropriada para que suas mensagens se tornem mais claras aos espectadores.
Sugestões
Nesta proposta de atividade há a necessidade de interação entre diferentes turmas, para que as produções dos alunos façam parte de todo o cotidiano escolar. A interação permite trocas valiosas para o aprendizado dos distintos grupos. Entretanto, se o tempo não permitir esta interação, é possível adaptar a mesma atividade para que fique restrita a uma única turma.

História do Brasil...Trilhas e sabores - percursos dos tropeiros nas Minas Gerais

História do Brasil

Nível fudamental

Trilhas e sabores - percursos dos tropeiros nas Minas Gerais

Objetivos
1) Reconhecer as características de relevo e clima das regiões cortadas pela Estrada Real.
2) Relacionar a itinerância à atividade tropeira.
3) Relacionar a conhecida receita do feijão tropeiro à itinerância.
4) Relacionar a consolidação de um mercado interno colonial à atividade tropeira.
Ponto de partida
1) Ler os itens "Entradas e bandeiras, "Riquezas e escravos" e "São Vicente e São Paulo", do texto Expansão territorial, do site Educação;
2) Ler o item "Região Sudeste", do texto Comida também é cultura, no site Educação;
3) Ler uma receita para fazer feijão tropeiro. (Sugerimos: 500 g de feijão carioca ou roxinho; 200 g de farinha de mandioca; 200 g de toucinho de porco ou bacon; 1 concha de gordura de porco;1 colher de sal de alho; 1 cebola média em cubinhos; 5 ovos; cheiro verde a gosto; pimenta a gosto).
4) Disponibilizar o mapa da estrada, que se encontra no site do Instituto da Estrada Real para os alunos.
Justificativa
Afinal de contas, o feijão tropeiro é paulista ou mineiro? Para um bom observador dos mapas históricos da época da mineração, não basta dar a resposta em uma palavra. Os caminhos percorridos pelos tropeiros demonstram que as mulas que eles montavam carregavam muito mais do que suprimentos para os habitantes das Minas Gerais. Músicas, hábitos, pratos, tudo era produzido para garantir sua mobilidade pelos caminhos da colônia e também a sua própria sobrevivência.
Estratégias
1) Ler a receita do feijão tropeiro com os alunos. Relacionar a receita à culinária mineira e paulista.
2) Localizar no mapa da economia colonial do século 18 os locais onde esses ingredientes poderiam ser obtidos na colônia.
3) Trabalhar com os alunos os pontos que se interligam através da Estrada Real (Distrito Diamantino, Ouro Preto como ponto de confluência dos diamantes e ouro, Parati e Rio de Janeiro como portos para escoamento das riquezas até a Metrópole).
4) Identificar a Serra da Mantiqueira, a Serra do Mar e a Serra da Bocaina, caracterizar a flora, o relevo e as condições climáticas ali existentes, e indicar as dificuldades que os tropeiros poderiam enfrentar para transpassá-las. (Esta etapa pode ser realizada em conjunto com o professor de Geografia ou como pesquisa preliminar feita pelos alunos).
5) Relacionar os ingredientes utilizados para cozinhar o feijão tropeiro à necessidade de suportar vários dias de viagem e de transportar alimentos sempre duráveis e secos (carne salgada, armazenada em gordura de porco, farinha de milho ou de mandioca, toucinho e feijão).
6) Relacionar o trempe (suporte de três pernas de madeira verde onde a panela de ferro ficava pendurada sobre o fogo, cozinhando o alimento) à itinerância tropeira.
7) A partir de um mapa da economia colonial do século 18, indicar de que maneira os tropeiros forjaram um mercado interno colonial.
8) Indicar os motivos da economia mineradora em adquirir o gado muar dos tropeiros.

História do Brasil...modernismos brasileiros - literatura, soneto 12

História do Brasil
Modernismos brasileiros - literatura
Objetivos
1) Ampliar o conceito de Modernismo comumente apresentado pelo livro didático.
2) Relativizar a ruptura estética promovida pelos modernistas da Semana de 1922 a partir de textos considerados "não modernistas", escritos a partir do fim do século 19.
3) Caracterizar as limitações do mercado cultural brasileiro dos anos 20 e 30 e a posição do escritor nesse período da história brasileira.
4) Tomar contato com outra estética literária, produzida por autores "desconhecidos".
Ponto de partida
1) Ler o item A Semana de Arte Moderna, no texto 1919-1922 - Governo Epitácio Pessoa no site Educação;
2) Ler o soneto 12 do poema "Via Láctea" de Olavo Bilac (1903), e a versão parodiada de Aparício Torelly (1926) e um poema de Mário de Andrade a escolher. Sugerimos Anhangabaú.
3) Ler a frase "No Brasil, tenho pena de quem vive da pena".
Justificativa
A Semana de 22 é considerada como marco inicial do Modernismo brasileiro. No entanto, os especialistas vêm relativizando os marcos cronológicos há algum tempo, insistindo na idéia de que havia elementos modernistas em outros autores que escreveram belos romances, poemas ou contos no início do século, como Euclides da Cunha ou Lima Barreto.
Houve também autores considerados impertinentes pela crítica da época, normalmente esquecidos pela crítica literária, pois através de seus escritos revelavam muitos ressentimentos e fissuras da sociedade brasileira do início do século, ainda marcada pela escravidão, pelo analfabetismo e pela pobreza generalizada.
Estratégias
1) Resgatar com os alunos o papel da oligarquia paulista durante a 1ª. República e a fratura política inaugurada pela derrota na Campanha Civilista de 1910.
2) Ler o poema de Olavo Bilac, ressaltando o esquema das rimas e da métrica e a temática, ainda ligadas à estética literária de fins do século 19.
3) Ler o poema de Mário de Andrade, ressaltando a ausência das rimas e a alteração da métrica. Ressaltar a ruptura estética do poema. Enfatizar a temática da cidade de São Paulo e aproximá-la da busca pela hegemonia cultural paulista promovida pela Semana de 22.
4) Lembrar aos alunos que naquela época, 80% da população brasileira era analfabeta e que o exemplar de "Macunaíma", escrito por Mário de Andrade, não vendeu mais do que 600 exemplares até os anos 40, relativizando, assim, o impacto da Semana de 22.
5) Ler a frase do item 3 e caracterizar a precariedade dos circuitos de leitura no Brasil do início do século.
6) Ler a paródia de Aparício Torelly e ressaltar a crítica inerente a ela. Ressaltar as funções da forma parodiada e a necessidade de aliar forma e função para compreender as manifestações artísticas de maneira mais ampla.


Soneto 12 do poema "Via-Láctea" (1903)
Olavo Bilac

"Ora (direis) ouvir estrelas! CertoPerdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,Que, para ouvi-las, muita vez despertoE abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquantoA Via-Láctea, como um pálio aberto,Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!Que conversas com elas? Que sentidoTem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!Pois só quem ama pode ter ouvidoCapaz de ouvir e de entender estrelas."

História do Brasil...Modernismos brasileiros-literatura, soneto 12

História do Brasil

nível fundamental
Modernismos brasileiros - literatura


Objetivos
1) Ampliar o conceito de Modernismo comumente apresentado pelo livro didático.
2) Relativizar a ruptura estética promovida pelos modernistas da Semana de 1922 a partir de textos considerados "não modernistas", escritos a partir do fim do século 19.
3) Caracterizar as limitações do mercado cultural brasileiro dos anos 20 e 30 e a posição do escritor nesse período da história brasileira.
4) Tomar contato com outra estética literária, produzida por autores "desconhecidos".
Ponto de partida
1) Ler o item A Semana de Arte Moderna, no texto 1919-1922 - Governo Epitácio Pessoa no site Educação;
2) Ler o soneto 12 do poema "Via Láctea" de Olavo Bilac (1903), e a versão parodiada de Aparício Torelly (1926) e um poema de Mário de Andrade a escolher. Sugerimos Anhangabaú.
3) Ler a frase "No Brasil, tenho pena de quem vive da pena".
Justificativa
A Semana de 22 é considerada como marco inicial do Modernismo brasileiro. No entanto, os especialistas vêm relativizando os marcos cronológicos há algum tempo, insistindo na idéia de que havia elementos modernistas em outros autores que escreveram belos romances, poemas ou contos no início do século, como Euclides da Cunha ou Lima Barreto.
Houve também autores considerados impertinentes pela crítica da época, normalmente esquecidos pela crítica literária, pois através de seus escritos revelavam muitos ressentimentos e fissuras da sociedade brasileira do início do século, ainda marcada pela escravidão, pelo analfabetismo e pela pobreza generalizada.
Estratégias
1) Resgatar com os alunos o papel da oligarquia paulista durante a 1ª. República e a fratura política inaugurada pela derrota na Campanha Civilista de 1910.
2) Ler o poema de Olavo Bilac, ressaltando o esquema das rimas e da métrica e a temática, ainda ligadas à estética literária de fins do século 19.
3) Ler o poema de Mário de Andrade, ressaltando a ausência das rimas e a alteração da métrica. Ressaltar a ruptura estética do poema. Enfatizar a temática da cidade de São Paulo e aproximá-la da busca pela hegemonia cultural paulista promovida pela Semana de 22.
4) Lembrar aos alunos que naquela época, 80% da população brasileira era analfabeta e que o exemplar de "Macunaíma", escrito por Mário de Andrade, não vendeu mais do que 600 exemplares até os anos 40, relativizando, assim, o impacto da Semana de 22.
5) Ler a frase do item 3 e caracterizar a precariedade dos circuitos de leitura no Brasil do início do século.
6) Ler a paródia de Aparício Torelly e ressaltar a crítica inerente a ela. Ressaltar as funções da forma parodiada e a necessidade de aliar forma e função para compreender as manifestações artísticas de maneira mais ampla.


Soneto 12 do poema "Via-Láctea" (1903)
Olavo Bilac
"Ora (direis) ouvir estrelas! CertoPerdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,Que, para ouvi-las, muita vez despertoE abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquantoA Via-Láctea, como um pálio aberto,Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!Que conversas com elas? Que sentidoTem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!Pois só quem ama pode ter ouvidoCapaz de ouvir e de entender estrelas."

História do Brasil...Paródia, lenda caiapó

História do Brasil

Nível fundametal

Paródia (1926)
Aparício Torelly, o Barão de Itararé
Ora! - direis - ouvir panelas! Certoficaste louco... E eu vos direi, no entanto,que muitas vezes paro, boquiaberto,para escutá-los pálido de espanto.
Direis agora: - Meu louco amigo,Que poderão dizer umas panelas?O que é que dizem quando estão contigoE que sentido têm as frases delas?E direi mais: - Isso quanto ao sentido,Só quem tem fome pode ter ouvidoCapaz de ouvir e entender panelas.


Lenda kaiapó

Objetivos
1) Tomar contato com a mitologia indígena brasileira;
2) Compreender as condições materiais e culturais que permitiram o surgimento dos mitos indígenas brasileiros;
3) Relativizar os componentes fantásticos dos mitos a partir do conhecimento das condições materiais dos povos que os produziram.
Ponto de Partida
1) Ler os itens "Julgamento da história" e "Brancos e índios hoje", do artigo Índios do Brasil do site Educação;
2) Ler a lenda kaiapó "Da origem dos nomes Bekwe e Betuk-ti":
“Tabujo de Wayangá, o Pajé, queimou no fogo. Queimou o pé. O Tabujo chorou muito. Wayangá foi lá. Ele perguntou:- Por que i-Tabujo está chorando?Na casa da irmã tinha um grande berarubu, bolo de carne de mandioca. Wayangá falou para a irmã:- Abre berarubu, eu quero deitar em cima.A irmã abriu o berarubu. O Wayangá disse:- Vou deitar, deitar de um lado e depois do outro.Queimando, correu para o rio e caiu na água. Outro irmão falou:- Não morreu, não. A água é funda, ele ficou com os peixes.Ali, no fundo do rio, Wayangá viu os peixes dançando. Dançando para dar nome de Bekwe à piranha, à bicuda e ao cará. Wayangá demorou muito. Três invernos e três verões. Depois voltou. Wayangá que tinha queimado estava chegando. Chegou. A irmã estava chorando porque o Wayangá estava chegando. O cabelo estava comprido. O corpo estava pintado. Tinha muito peixe no cabelo. Wayangá foi dançar na praça, sozinho. Os outros não conheciam esta dança. Ele tinha aprendido com os peixes. Wayangá chegou na casa da irmã e disse:- A minha Tabujo vai chamar Bekwe-bô, e se é homem, Betuk-ti.”
Extraído de Vidal, Lux. "Morte e Vida de uma Sociedade Indígena Brasileira". São Paulo, Hucitec, 1977, p.221.
Glossário
1) Tabujo: "termo de parentesco que indica o filho da irmã. O mesmo termo designa o filho do filho e o filho da filha de quem fala. É um termo que compreende, numa só categoria, o que para nós são netos e sobrinhos. I-Tabujo: meu sobrinho".
2) Wayangá: "xamã, pajé. Tem o poder de ver e entrar em contato com o sobrenatural e de viajar através dos vários domínios cósmicos, de onde traz para a vida social conhecimentos, ornamentos e itens culturais (ritos, cantos, nomes, etc.). Este mito refere-se às práticas sociais da outorga e transmissão dos nomes Xikrin. O avô e o tio materno são os nominadores, por excelência, dos meninos."
3) Berarubu: "carne, ou bolos de carne e mandioca, assados em fornos de pedras. Berarubu é, também, em todo o interior paraense e amazonense, o nome dado a esse tipo de forno e aos alimentos que nele se cozinham."
Aracy Lopes da Silva. Mito, razão, História e Sociedade: inter-relações nos universos sócio-culturais indígenas in Silva, A. L. e Gruppioni, L. D. B. "A Temática Indígena na Sala de Aula". São Paulo/Brasília, Edusp/Global, 2000, p.328.
Justificativa
Ao utilizar narrativas mitológicas em sala de aula, costumamos destacar o componente fantástico que elas apresentam. Os alunos se interessam, reproduzem-nas em peças teatrais, redigem outras histórias a partir do mito do herói ou constroem belas histórias em quadrinhos sobre elas. No entanto, especialmente quando tratamos a respeito da mitologia indígena, com uma simbologia toda especial e parcamente estudada, é preciso acautelar-se diante de generalizações apressadas.
As narrativas mitológicas dos indígenas brasileiros são riquíssimas em imagens e personagens considerados "fantásticos", chamam a atenção para a simplicidade e delicadeza do desenrolar da história, mas que, por não fazerem parte do repertório intelectual infantil (ou mesmo adulto), suscitam incompreensões e prejulgamentos. A saída é buscar a riqueza e profundidade do mito aproximando-o à cultura de cada grupo social indígena que o produziu.
Estratégias
Momento 11) Selecionar um aluno voluntário. Vendá-lo e esquentar seu pé (sugere-se esquentar uma faca com isqueiro e aproximar do pé do aluno);
2) Solicitar que o aluno estabeleça uma correspondência da sua sensação com uma cor;
3) Selecionar um segundo aluno voluntário. Vendá-lo e mergulhar seu braço num balde d'água;
4) Solicitar que o aluno estabeleça uma correspondência da sua sensação com uma cor;
5) Realizar um jogo da forca, para que os alunos adivinhem as seguintes palavras: Bekwe-bô, Betuk-ti e Berarubu;
6) Solicitar que os alunos realizem uma representação gráfica de um peixe;
7) Ler a lenda kaiapó "Da origem dos nomes Bekwe e Betuk-ti". Explorar a sonoridade própria e ritmo peculiar das frases. Explorar a dificuldade dos alunos em entender a narrativa;
8) Recontar a história, de modo a fazê-los compreender os diferentes momentos da narrativa;
9) Solicitar que os alunos montem uma dramatização muda da lenda, utilizando as cores sugeridas ao longo da aula, mímica e figurino.
Momento 21) Discussão com os alunos a respeito da simbologia da lenda. (Exatamente por se tratar de uma lenda que fala sobre o "batismo" do Tabujo, a lenda Xikrin é uma história de renascimento e regeneração. O Wayangá é o mais velho e sábio da família de Tabujo e por isso tem a tarefa de dar-lhe um nome. O berarubu (forno) é o seio materno de onde saiu Tabujo escaldado, e por onde Wayangá passa para celebrar sua união com Tabujo.
O mergulho nas profundezas do rio é uma forma de se purificar e adquirir sabedoria, para nomear corretamente o Tabujo. A conversa com os peixes nas profundezas é reveladora. Assim, Wayangá retorna à superfície acompanhado pelos peixes em seu cabelo, que lhe revelaram possíveis nomes para Tabujo - Bekwe-bô se for mulher, e Betuk-ti se for homem);
2) Realizar pesquisa sobre os Xikrin, no site Socioambiental. Esta etapa pode ser feita pelos próprios alunos em pesquisa preliminar ou uma apresentação montada pelo professor;
3) Discutir com os alunos o conceito de tronco lingüístico;
4) Visualizar o forno (berarubu) em que as Xikrin preparam os alimentos; visualizar a preparação dos Xikrin antes dos rituais;
5) Destacar para os alunos a importância das relações de parentesco entre os Xikrin, a preparação do ritual de batismo, o papel dos homens e das mulheres na preparação da festa, o sentido dos nomes e do batizado;
6) Associar a construção da lenda ao dia-a-dia dos Xikrin;
7) Sugere-se como avaliação do Momento 2 que os alunos criem, eles próprios, um mito com elementos do seu dia-a-dia.

História do Brasil...Revolução de 1932-imagens

História do Brasil
Revolução de 1932
Imagens



História do Brasil...Revolução paulista (1932)

História do Brasil

Nível fundamental

Revolução Paulista (1932)

Objetivos
1) Identificar as razões pelas quais os paulistas encamparam uma guerra contra o Governo Provisório de Getúlio Vargas;
2) Compreender a função da propaganda política nos anos 30;
3) Constatar a permanência do "paulistismo" no momento das comemorações do 4º Centenário da Cidade de São Paulo, cerca de duas décadas mais tarde.
Ponto de partida
1) Ler o texto sobre Tenentismo, no site Educação;
2) Ler as informações sobre a simbologia do Obelisco-Mausoléu do Parque do Ibirapuera disponíveis no site da Prefeitura de São Paulo.
Justificativa
A Revolução Constitucionalista de 1932, iniciada 45 dias após a morte dos estudantes Martins, Miragaia, Drausio e Camargo (MMDC), durante tentativa de invasão a um jornal tenentista em maio de 1932, é tema obrigatório nos conteúdos de História do Brasil.
Carrega no nome o peso de um movimento que prescrevia a implementação de uma democracia no país, mas a participação da velha oligarquia cafeeira no movimento tornava patente o desejo de retorno ao passado federalista da 1ª. República.
A exigência de uma Constituição e da nomeação de um interventor civil e paulista para o Estado de São Paulo possibilitou a aglutinação de membros do Partido Republicano Paulista e do Partido Democrático em torno do movimento, ao mesmo tempo em que o tema da autonomia e superioridade paulistas coadunou e eletrizou a população.
Mesmo sendo tratada de maneira passageira ao longo das aulas, a Revolução Paulista pode ajudar a esclarecer as lutas entre as diversas oligarquias existentes no país, a participação dos tenentes antes e depois do golpe de 1930 e a necessidade essencial de angariar as massas sob um objetivo comum.
Estratégias
1) Solicitar uma pesquisa prévia sobre o Obelisco-Mausoléu e uma outra, mais breve sobre, as comemorações do 4º. Centenário da Cidade.
2) Realizar discussão a partir dos dados obtidos. Ressaltar o "paulistismo" presente na elaboração arquitetônica do monumento, no empenho do governo em construí-lo e nas comemorações do 4º. Centenário.
3) Expor algumas imagens dos cartazes utilizados pelo governo paulista para convocação da população e para angariar fundos para a guerra. Sugerimos imagens que você pode acessar clicando aqui.
4) Identificar os grupos oponentes ao longo da Revolução.
5) Destacar a impotência bélica das tropas paulistas contra as tropas oficiais.
6) Realizar atividade de fechamento retomando a estrutura autoritária da 1º. República e o ressentimento da oligarquia paulista após o golpe de 1930.